Fotografia: Engenheiro Operacional Edvaldo Araújo
Hoje iremos falar sobre como detectar vazamento de gás no ar-condicionado com o teste de estanqueidade.
O processo é essencial para o bom funcionamento do aparelho. Isso porque “estanqueidade” significa verificar se algo está estanque, hermético, ou seja: sem vazamento.
Por isso, a ideia é entender a necessidade de fazer esse teste nas tubulações de gás e como ele é feito.
Por que Fazer Teste de Estanqueidade?
Para começar, vale lembrar que o objetivo do teste de estanqueidade nessas tubulações é examinar o sistema para garantir que não haja nenhum vazamento de gás.
Até porque, os problemas vão além da perda financeira com a execução dos reparos.
O vazamento que acontece em um pequeno quarto de hotel. Por exemplo, alimentado por um equipamento de alta potência, é extremamente perigoso.
Por ser mais denso do que o ar, o gás irá se concentrar na parte baixa do ambiente. Se você está dormindo, não irá perceber a quantidade de oxigênio diminuindo.
Pode acabar morrendo asfixiado. Portanto, a tubulação que transporta o gás refrigerante precisa de atenção redobrada, pois está sujeita a pressões bem mais elevadas.
Essa característica, somada ao uso de tubos de cobre com paredes e à quantidade elevada de pontos de solda, faz com que ocorram vazamentos com mais frequências.
Daí a importância de fazer o teste de estanqueidade.
Antes de falarmos como fazê-lo, saiba as causas desse problema.
Principais Causas do Vazamento de Gás no Ar-Condicionado
Há diferentes defeitos no sistema que podem ocasionar os vazamentos.
Entre os mais comuns está a fadiga da tubulação, resultado de um aumento de pressão inesperado (acima da capacidade suportada), que acaba por romper os canos.
A falta de manutenção no ar-condicionado também é um potencial para criar pontos de vazamentos.
Isso acontece pela ausência da troca do gás ou então a utilização de fluidos de qualidade duvidosa.
Vale lembrar que a limpeza realizada de maneira inadequada é outro fator de risco, pois permite a presença de impurezas no interior do equipamento. A sujeira bloqueia a tubulação.
Por último, as falhas na etapa de execução também influenciam no surgimento de problemas.
Por exemplo: uma solda mal realizada apresentará micróporos, e com o passar do tempo essas aberturas minúsculas irão se expandir.
Agora que é possível entender as principais causas de vazamento, é hora de falarmos sobre o Teste de Estanqueidade, utilizado justamente para detectar esse problema. Vamos lá:
Teste de Estanqueidade: Como Fazer
Após a instalação do aparelho, é imprescindível a realização do teste de pressão nas linhas de cobre.
O recomendado é que o teste seja realizado com nitrogênio nas pressões de max.
300 PSI em Splits convencionais e max. 600 PSI em sistemas VRV, seguindo duas etapas (primária e secundária), para garantir que o sistema não apresente vazamentos futuros.
Atenção: Nos testes de vazamentos, principalmente em sistemas VRV – onde são utilizadas pressões de até 600 PSI – é fundamental a utilização de válvulas reguladoras de pressão na saída dos cilindros de nitrogênio.
É comum encontrar mangueiras conectadas diretamente na saída do cilindro ou com os manifolds das válvulas reguladoras quebrados.
Isso é bastante problemático, pois oferece grandes riscos, podendo causar acidentes letais.
Teste Primário
No teste primário é pressurizado somente as linhas de cobre, conforme mostram as imagens abaixo (a primeira no Split e a segunda em sistema VRF).
Os pontos a serem verificados são as soldas, se houver. Veja:
Teste Secundário
No teste secundário todo o sistema é pressurizado, sendo recomendado a estanqueidade por 24 horas.
Os pontos a serem verificados são as conexões, flange e serpentinas das unidades internas e externas, caso apresente oscilação na pressão do manifold. Veja:
É importante lembrar ainda que o teste de estanqueidade em sistemas VRV não pode ultrapassar 24 horas, considerando a possibilidade do nitrogênio migrar para dentro do sistema.
Cuidado: O nitrogênio pode oscilar sua pressão conforme a temperatura externa, o que muitas vezes leva a uma percepção errada pensando que há vazamento.
Por isso, fique atento à fórmula de correção abaixo. Quando finalizar o processo de pressurização, anote a temperatura externa e a pressão registrada no sistema.
A pressão de Nitrogênio varia 1,45 PSI a cada grau Celsius de temperatura.
Exemplo:
- Temperatura Externa na hora da carga: 24 ºC
- Carga de Nitrogênio: 600 PSI
24 horas depois
- Temperatura Externa: 22 ºC (diferença de 2 ºC da hora da carga)
- Carga de Nitrogênio = 600 PSI – (2 x 1,45) = 597 PSI OK Sem vazamento!
- Se a pressão for abaixo de 597 PSI, verifique soldas e conexões!
Encontre Pontos de Vazamento
Um grande erro nesse processo é simplesmente reabastecer o gás e não se preocupar em procurar por pontos de vazamento.
Essa prática, além de resultar em perdas financeiras, causa problemas para o meio ambiente. Afinal, o gás refrigerante é nocivo para a camada de ozônio.
Portanto, seja consciente e saiba que o Teste de Estanqueidade deve ser realizado corretamente.
Ou seja, por um profissional técnico habilitado que entenda sua importância.
Muito Obrigado!
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